22 julho 2016

[Resenha] Redoma de Meg Wolitzer

Nome: Redoma
Autora: Meg Wolitzer
Ano: 2015
Gênero: Young adult
Editora: Globo Alt
Páginas:287



Sinopse: A mudança de escola parece a única possibilidade de recuperação para a garota, que passou quase um ano mergulhada em tristeza. No entanto, ela odeia a nova rotina e decide levar tudo com o menor esforço possível. Por isso, Jam fica bastante surpresa quando descobre que foi selecionada para a exclusiva e lendária aula de “Tópicos Especiais em Inglês”, da misteriosa Sra. Quenell.A turma tem mais quatro estudantes, todos com histórico de traumas ainda piores que os de Jam. Mesmo assim, a professora parece não se importar com a fragilidade de seus alunos quando escolhe o livro que trabalhará durante o semestre: A redoma de vidro, de Sylvia Plath. O romance, que narra a série de eventos que levariam a estudante Esther Greenwood a um colapso nervoso, parece a opção mais improvável, e talvez inadequada, para adolescentes que ainda estão superando experiências difíceis.
Nota:
***


Cada ser humano tem o seu modo de vivenciar suas experiências. Independente da fase em que se encontra, todos nós sabemos como é difícil lidar com a perda de alguém que se ama.  O primeiro romance de Meg Wolitzer,intitulado ‘’Redoma’’, nos traz exatamente a complexidade de encarar esse tipo de perda. Como ficamos desolados e derrotados,principalmente quando se trata da morte do nosso primeiro amor.


O livro possui uma similaridade com ‘’Cartas de amor aos mortos’’ e ‘’As vantagens de ser invisível’’, no quesito, utilizar a escrita como forma de tentar atravessar essa barreira sombria da morte.

A história é narrada por Jam Gallahue, uma adolescente, que acaba de perder o namorado Reeve Maxfield. Ela fica totalmente sem chão e deprimida. Seus pais decidem matriculá-la no Celeiro, uma espécie de internato para adolescentes frágeis emocionalmente, como tentativa de aliviar sua dor e trazê-la de volta ao mundo.

’Essas são as palavras que meus pais escreveram no meu pedido de admissão no Celeiro, que é descrito no folheto como um internato para adolescentes “emocionalmente frágeis e altamente inteligentes”.

Sem a menor vontade de estar naquela escola, ela não se esforça muito para permanecer. Sua colega de quarto, se chama Dj Kawabata, uma garota emo, que sofre de transtornos alimentares.

No internato, Jam descobre estar inscrita em uma matéria seletiva da Sra Quenell, chamada ‘’Tópicos Especiais em Inglês’’. A Sra Quenell é uma professora prestes a se aposentar, conhecida por dar aula apenas para alunos realmente especiais. Além de sempre pedir a leitura de um livro durante o semestre inteiro e a escrita de um diário.

Nessa aula, Jam conhece Casey, Sierra,Marc e Griffin.outros adolescentes que possuem suas aflições.  O livro escolhido para o semestre é o único romance de Sylvia Plath, intitulado ‘’A redoma de vidro’’.

Meg Wolitzer se aproveita da obra depressiva e melancólica de Sylvia Plath para inserir a dor desses adolescentes. Assim como Sylvia, todos tem que superar algo, mesmo que seja em uma luta agonizante com o seu próprio eu.

‘’Descobrir o que outro ser humano sente,uma pessoa que não é você; dar uma olhada debaixo dos panos, por assim dizer. Um profundo olhar interior.’’

Para quem não conhece a autora de ‘’A redoma de vidro’’, ela é conhecida por suas belas poesias e sua personalidade depressiva, que acabou culminando no suicídio. A escritora colocou a cabeça no forno ligado e acabou com seu tormento.

Sua alma repleta de torturantes confissões serviu como pano de fundo do romance de Wolitzer. Jam e seus colegas de classe, são incumbidos de escrever um diário semanal. Com o tempo, todos eles passam a ter experiências estranhas através do diário.

Cada um dos personagens, começa a adentrar o interior de seus fantasmas, a cada escrita. Eles intitulam este lugar, como ‘’Redoma’’.No caso de Jam, ela encontra Reeve novamente, como se ele jamais tivesse ido embora. É a sua fuga, sua realidade alternativa para sobreviver a esse terrível sentimento de desolação.

Aos poucos, vemos que, Sylvia Plath conversa perfeitamente com este enredo, mesmo sendo de uma outra época, ela entende as aflições pulsantes nos peitos de cada um  e ao mesmo tempo, serve de consolo para que os alunos escrevam sobre seus verdadeiros sentimentos e não engasguem mais.

‘’Não posso viver coisas novas com Reeve. Apenas revisitar antigas experiências. Mas,eu as aceito, é claro. Levarei dele tudo o que puder’’.

A escrita do diário, os encontros com Casey, Griffin, Sierra e Marc para desabafar sobre os acontecimentos na Redoma, se tornam um laço muito forte. A amizade feita através das lágrimas. Tentando entender o outro, eles podem tentar compreender algo sobre eles mesmos.

A autora é bastante fluida e parece conversar com a nossa alma. É um romance sobre a descoberta, sobre a superação, sobre a amizade e sobre amor verdadeiro. O tipo de livro que você lê e nem percebe que acabou devorando. Tocante, denso, sensível e bastante delicado.Aborda a melancolia de uma forma penetrante e cortante.

Recomendo muito e espero que cada um consiga extrair sua mensagem e consiga olhar em seu interior, e encontrar a Jam em cada um de nós, depois de ler este livro.

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